As Filhas de Jerusalém
Jesus voltou-se e disse-lhes: "Filhas de Jerusalém, não
chorem por mim; chorem por vocês mesmas e por seus filhos! Lucas 23:28, NVI.
Uma das características do Evangelho de Lucas é o seu
interesse pelos socialmente desfavorecidos – os cobradores de impostos, os
samaritanos, as mulheres. Lucas inclui em seus escritos incidentes omitidos
pelos demais evangelistas os quais demonstram o interesse de Jesus por todas as
classes da sociedade e por todos os grupos étnicos.
Então, aqui, ao contar a história da cruz, Lucas registra um
incidente que aconteceu enquanto Jesus cambaleava pelas ruas de Jerusalém, com
Simão de Cirene indo atrás dele carregando a Sua cruz. Um grande número de
pessoas vinha atrás deles, Lucas diz, incluindo mulheres que choravam e
lamentavam por Ele. Elas não eram discípulas de Jesus. Lucas um pouco mais
adiante menciona que as mulheres que seguiram a Jesus desde a Galiléia ficaram
longe da cruz vendo Jesus morrer (Lucas 23:49).
As "filhas de Jerusalém" eram moradoras da cidade
que, movidas de compaixão, lamentavam a iminente execução de Jesus. Algumas
tinham ouvido falar de Jesus, algumas, talvez, tinham sido elas mesmas curadas
por Ele ou tinham trazido seus filhos à Ele; algumas não O conheciam, mas
ficaram horrorizadas com a perspectiva de homens estarem a caminho de uma morte
lenta por crucificação.
Jesus está fraco, cansado, quase sem forças. Acha-se caído
sob o peso da cruz. Por toda a parte ao seu redor homens O estão xingando,
amaldiçoando, rindo e debochando dEle. Ele não ouve nada. Mas o pranto das
mulheres toca o Seu coração.
Jesus pensa no que essas mulheres irão sofrer muito em
breve. Num período inferior a 40 anos Jerusalém será cercada por exércitos de
Roma. No decurso de quatro anos de um amargo cerco, a comida e a água irão
acabar e os habitantes da cidade irão canibalizar seus próprios filhos.
"Pois, se fazem isto com a árvore verde, o que acontecerá quando ela
estiver seca?" Ele diz (verso 31, NIV). Ou seja, se O inocente sofre assim
agora, o que acontecerá com os culpados?
Jesus de Nazaré ainda passa pelo caminho do Calvário. As
multidões zombam e escarnecem, embriagadas pelo riso. Os homens têm prazer em
ver o sangue correr. A condenação da nossa época é que os homens – e até as
mulheres – tornaram-se acostumados a cenas de violência. Diariamente pessoas
são baleadas, esfaqueadas, espancadas até a morte – e quase ninguém nota.
Quem hoje lamentará por Jesus? Quem O vê no estranho
encharcado de sangue deitado na sarjeta?
ORAÇÃO
Mestre da sensibilidade dá-me compaixão pelos que choram e
sofrem. Ensina-me como trabalhar em prol dos desfavorecidos.
Autor: William G. Johnsson
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